segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Tudo troca de lugar.

Aposto que você já usou sim uma calça acima do umbigo, quando pequena ou uma blusa que era tão grande que cobria os seus joelhos e você achava aquilo ridículo, mas concedia tudo com muita calma, pois era um gosto de sua mãe e você tinha que obedecer. E aquela bola pula-pula que depois de dois dias já estava perdida por ai e nunca mais voltava aparecer. A boneca susy e a barbie que eram disputadas no mercado e nunca existiu marido ou bonecos do mesmo top que elas que nos satisfizesse. Molhar aqueles cabelos lisos que sempre foram loiros, também já foi uma aventura sua com certeza.

Brincar de casinha, chá e cozinha e de catar formigas e afogarem elas num vazo cheio de água, só pra ver se formiga era a prova de água mesmo. Ficar chorando e gritando enquanto o seu irmão mais velho saia por ai e nunca te levava junto e mesmo assim a sua mãe não tinha dó e gritava que ia por você de calcinha dentro de casa. Nossa! Mas também, quem nunca foi pra roça dos pais e adorava ficar lá, pois se sentia mais livre? Pois é. Quem nunca deixou a mãe colocar um penteado, aquele famoso penteado, pega-rapaz? 
Nossa... Quanto tempo isso hein? Na época, com certeza era uma moda que fazia sucesso.

E depois de tentar várias vezes se depilar sozinha e se cortar, ser descoberta pouco depois quando deitava no colo da mãe e ela sentia aquela espetadela, era frustrante. De chorar a noite quando ela esquecia de continuar batendo em sua bunda até você pegar no sono. De chorar, por ter deixado o papai Noel levar a sua chupeta favorita e não trazer o presente que você pediu. Passar de ano na escola direto e tirar notas boas, fazendo questão de que seus pais sentissem orgulho do seu boletim. Se intrometer em conversa de adulto e levar uma boa bronca logo após a saída da visita. Fugir ou pelo menos tentar fazer algo do tipo, quando sua mãe te proibia de alguma coisa ou gritava contigo e você revidava dizendo que a odiava, sendo que logo depois de alguns minutos um pedido de desculpa fazia toda a diferença. Ficar o dia todo assistindo desenhos, pica-pau, chavez, os trapalhões, xuxa, enquanto sua mãe lavava roupa e fazia a comida para
você...

                                                   Quem nunca sentiu isso? 
                                              Quem nunca passou por isso?
                                                                   O tempo...

                                           • • •


Ele passou realmente e não está disposto a voltar.
Não sei o que ele ganha com isso, mas a maturidade de alguém é elevada à saudade que transparênce no rosto daquela criança... Quando você era pequeno. As coisas vão mudando e sua boneca já não está mais em cima da cama e na sua estante, existem esmaltes, relógios, diversas bijuterias e um celular novo.

                                                        Pra que?
                                                       Por quê?

O seu quarto ganha novas cores, novas músicas ficam ao pé da letra do seu ouvido e o desenho é substituído por um filme ou por uma novela. O primeiro beijo, o primeiro namorado. Sua mãe já não faz mais a sua cama e nem penteia o seu cabelo. Maquiagens, roupas de marcas, computador, amigos virtuais e baladas.
Tudo muda.

                                                       Pra que?
                                                       Por quê?

De alguma forma, ainda existe uma alma que grita dentro de você desesperadamente por aquele tempo que já não volta mais. De alguma forma, aquele tempo não se importa com o que você pensa. Ele tem pressa e a cada dia que passa, leva você e toda a sua sanidade com ele. A saudade faz moradia e as lembranças são vagas, afinal elas são projetadas para afetar o nosso coração quando a vontade de voltar atrás vier e não poder mais.

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